quinta-feira, 5 de março de 2015

A fonte dos mortos

 Conta-se que no lugar hoje denominado de "igreja velha", em Vilarinho das Azenhas, existiu noutros tempos uma igreja que servia o povo para as suas lides religiosas, e por isso era lá que enterravam os mortos. Mas como essa igreja ficava um pouco distante da aldeia, os paroquianos resolveram então construir outra no centro da povoação e mudaram da igreja velha para a novo tudo o que puderam, incluindo as ossadas.
 Nesse tempo, julgando que já era de dia. Assim aconteceu com um homem que andava a regar um campo, com a água de uma fonte que lá havia.
 Diz-se que viu então vir uma procissão pelo caminho a cima, o caminho da "igreja velha". E que cada um dos que nela vinham, traziam uma vela acesa.
 O homem ficou intrigado, pois não era sabedor de qualquer procissão, e, como era muito religioso aproximou-se para também se incorporar nela.
 Pediu então uma vela a um dos que lá vinham, e este, sem qualquer palavra, entregou-lha. Só que, mal pegou nela, a vela apagou-se nas suas mãos e o que apareceu foi um osso.
 Ficou o homem de tal modo assustado, que largou logo o osso e desatou a correr para casa, metendo-se na cama. O caso foi depois muito constatado, acreditando o povo que os mortos, não contentes com o repouso novo que lhes deram, todas as noites faziam aquela procissão ate ao lugar onde haviam sido sepultados.
 E desde aí, o local desta passagem, onde havia a tal fonte, passou a ser designada "fonte dos mortos", o nome por que ainda hoje é conhecido.